"A SAUDADE É COMO LÍQUIDO QUE TRANSBORDA,
OU PARA TERESA"
cenografia
"Primeiro como bailarina, dançando a saudade, sentia a imensidão e o vazio desse sentimento em cada dobra que fazia com o corpo.
O destino não permitiu que eu continuasse nesse posto, e contundida, virei a cenógrafa.
A vontade do diretor era trazer tsurus (pássaros de origami) onde as dobras do papel, acompanhando as dobras dos corpos, materializavam o que a vida e o tempo nos traz. E foi a partir daí que comecei a fazer desenhos para uma possível visualidade dessa cena.
Num móbile suspenso, os pássaros, como símbolo da esperança e da realização de um desejo, descem lentamente do lugar mais alto da cena. Em um movimento sutil e inicialmente imperceptível, eles passam, param, voam, pousam e formam um bando.
Usar tsurus pra falar de saudade, me dava a sensação de uma saudade construída de esperança.
Assim, branca, neutra e pacífica, a revoada dança com os bailarinos, enquanto alguns pássaros vermelhos se escondem no meio do público.
E por fim, todos brilham em azul, a mais fria das cores frias, representando a sensação que a saudade nos dá. É a cor do céu, do espírito e do pensamento. Acalma e representa a noite. Simboliza a sutileza, o ideal e o sonho.
Um monte de tempo e de pássaros, um monte de saudade, é também uma montanha de desejos que em algum lugar do universo, a parte que tanto faz falta, sinta a grandeza do nosso amor por ela." (Ana Clara Joly)
FICHA TÉCNICA
Direção: Anderson Luiz do Carmo
Bailarinos: Anderson Luiz do Carmo, Oto Henrique e Junior Soares
Música: Maria Carolina Vieira
Direção de arte: Ana Clara Joly e Paulo Wolf